COMENTÁRIO FONÉTICO-LEXICAL DA FORMA CAAVRĨHAS DO LIVRO DAS AVES

COMENTÁRIO FONÉTICO-LEXICAL DA FORMA CAAVRĨHAS DO LIVRO DAS AVES
I. LOCALIZAÇÃO DA FORMA NO TEXTO
Caavrĩhas aparece duas vezes no Livro das Aves, em II, 16 e em XVI, 15-16.
II. VARIANTES NO TEXTO
Não ocorrem variantes. Aparecem da mesma forma.
III. VALOR SEMÂNTICO
a) EM LATIM
A. G. Cunha registra caveira, do latim calvārĭa, étimo de caavrĩhas, que significava em latim “crânio”, de calvus “calvo”. Conforme A. Houaiss, M. Villar e F. Franco, a forma em latim, calvarĭa,ae (< calvus), significava “crânio (humano ou dos animais)”. Michaelis registra caveira, do latim vulgar calavaria, como cabeça descarnada; rosto excessivamente magro.
b) NO TEXTO
No Livro das Aves, caavrĩhas aparece pela primeira vez junto com o termo animalhas mortas. Na segunda vez, aparece em comer as caavrĩhas das animalhas. Isso nos permite inferir, principalmente pela pronúncia da palavra e pelo contexto, que caavrĩhas tem relação com animais que já estão mortos e com sua ossada, ou esqueleto, o que se associa com a caveira desses animais.
c) NO PORTUGUÊS ATUAL
Hoje se emprega caveira com um valor semântico semelhante ao que se empregava no tempo em que foi escrito o Livro das Aves. Caveira, de acordo com Aurélio, significa “cabeça descarnada ou esqueleto da cabeça; rosto magro e macilento”. Percebe-se que esse último significado, rosto magro e macilento, não foi utilizado no Livro das Aves. Existem ainda algumas expressões com a palavra caveira, como: caveira-de-burro, que significa má sorte/azar; caveira-de-pau, que é oficial de serviço; fazer a caveira, que significa tornar alguém mal visto ou difamar alguém. Para Houaiss, caveira significa conjunto do crânio e ossos da face, descarnados; conjunto de ossos de um vertebrado morto; esqueleto.
IV. SE O VOCÁBULO QUE ESTÁ SENDO ESTUDADO DESAPARECEU, QUE OUTRO O SUBSTITUIU?
O vocábulo caavrĩhas não desapareceu. Sofreu grandes alterações gráficas: passou de caavrĩhas para caveirinhas.
V. MUDANÇAS FONÉTICAS
a) LATIM
- calvārĭa;