Collor
Collor vinha de uma família tradicional na política: seu avô tinha sido ministro de Vargas e seu pai, senador da UDN (União Democrática Nacional). Collor tinha ligações familiares com os grupos dominantes tradicionais do Nordeste. Ele próprio era empresário e dono de uma emissora de televisão em Alagoas, associada à Rede Globo. Começou na política no tempo da ditadura. Homem de confiança do regime, foi nomeado prefeito de Maceió (AL). Eleito deputado federal pelo PDS.
Quando era governador alagoano, Collor ganhou as páginas dos jornais do país porque recusou a pagar os salários dos ‘‘marajás’’. Os “marajás” eram funcionários públicos que recebiam salários altíssimos. Entretanto, eles não eram necessariamente corruptos. Os altos vencimentos eram amparados pelas leis. Mas Collor queria passar a impressão de que era um governante austero, que se recusava a desperdiçar o dinheiro público. Quando se tornou candidato a presidente da república, apareceu como o “caçador de marajás”, como o homem que iria acabar com os privilégios e a corrupção.
Fernando Collor criou um estilo de governo diferente, caracterizado por uma promoção exagerada de sua própria figura. O marketing presidencial procurou mostrar a nação e ao mundo, a imagem de um presidente jovem, bonito, atlético, despreocupado, misto de esportista e intelectual que retrataria o reflexo de um país moderno, dirigido por um estadista capaz. A maior parte dos brasileiros viu em Collor o “salvador da pátria”, o homem forte que iria esmurrar a corrupção, o homem novo sem passado político. Surpreendentemente, disparou na preferência do eleitorado e ficou em primeiro lugar no primeiro turno.
As eleições seriam decididas entre Collor e Lula (o segundo colocado no primeiro turno; Brizola havia ficado em terceiro). Collor era sustentado pelos políticos tradicionais do PFL, do PDS de Maluf, do PTB e de parte significativa do PMDB. Os grandes empresários o apoiavam abertamente.
Lula venceu