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"Ao completar doze dias de maio, chegamos às províncias de Machiparo, que são terras populosas, que fazem fronteiras com outra região muito grande chamada Omagua, e são amigos que se juntam para a guerra com outras regiões que ficam terra adentro e que atacam diariamente as suas casas. Quando chegamos a umas duas léguas da região vimos que estava repleta de aldeias e não andamos muito e avistamos, rio acima, grande quantidade de canoas em posição de combate. (...) Aí tivemos uma batalha perigosa, porque como havia muitos índios na água e na terra, em todos os lugares, a guerra era dura. Os arqueiros [nossos] desceram em terra e bateram nos índios de tal maneira que eles fugiram. Ganho o pedaço de terra, o capitão mandou o alferes com 25 homens percorrer o local. Contou-lhe tudo o que havia visto e como havia grande quantidade de alimento, como tartarugas, que estavam nos cercados e nos tanques, muita carne, peixe e biscoito [beiju], tudo em abundância que daria para sustentar um batalhão de mil homens durante um ano. Resolveu [o capitão] que deveríamos ir ainda mais rio abaixo (...). Começamos a navegar e não paramos de combater os índios, e não se tinha idéia do número de pessoas que apareciam por terra. (...) Ainda nos seguiram durante dois dias e duas noites, sem que pudéssemos repousar, e demoramos tanto para sair desse lugar e desse senhor, chamado Machiparo, que, pelo que notamos, constava de mais de 80 léguas [480 quilômetros], todos povoados, e de aldeia em aldeia havia enorme proximidade. Algumas aldeias se estendiam por mais de cinco léguas [30 quilômetros], sem separação entre uma casa e outra, e isso era uma coisa maravilhosa de se ver.
No domingo seguinte à Ressurreição de Nosso Senhor, viemos a encontrar com outro rio mais caudaloso e maior, à