Coesão
Vamos repetir um conceito visto no capítulo da coerência:
A COERÊNCIA resulta da não-contradição entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados LOGICAMENTE. Cada segmento textual é o pressuposto do segmento seguinte, que, por sua vez, será pressuposto dos que lhe estenderem, formando uma cadeia concatenada harmonicamente.
Conclui-se que a coerência, responsável pela continuidade dos sentidos no texto, apresenta-se como resultado de uma complexa rede de fatores de ordem lingüística. Pode-se afirmar, então, que a coesão textual diz respeito a todos os processos de seqüenciação que asseguram uma ligação lingüística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual. O uso de elementos coesivos dá ao texto maior legibilidade, explicitando os tipos de relações estabelecidas entre os termos que o compõem.
Então, deve haver, no interior do texto, elementos lingüísticos capazes de
1-concatenar as sucessivas idéias que formam um todo significativo no discurso,
2-como também estabelecer um elo entre o texto e o momento da escritura, ou seja, o momento em que foi produzido pelo enunciador.
Esses elementos lingüísticos são a própria malha coesiva, instrumentos concretos da coerência, capazes de unir palavras, frases, orações, períodos e até parágrafos. Vejamos como Machado de Assis em seu texto Bondes elétricos consegue perfeita concatenação das idéias, utilizando, para isso, vários elementos coesivos.
“Não tendo assistido à inauguração dos bonds elétricos, deixei de falar neles (1). Nem sequer entrei em algum (2), mais tarde (3), para (4) receber as impressões da nova tração e (5) contá-las (6). Daí (7) o meu (8) silêncio da outra (9) semana. Anteontem (10), porém (11), indo pela praia da Lapa, em um bond comum encontrei um dos (12) elétricos, que descia. Era o primeiro que estes (13) meus (14) olhos viam andar.”
Há, no interior deste trecho, elementos lingüísticos que estabelecem as ligações sintáticas