Cinema
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leiro. Trata-se de uma proposta que ainda deverá ser alvo de maior aprofun
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damento, não obstante julgo essencial estabelecer uma periodização para que possamos compreender melhor como se estruturam ao longo do tempo os discursos de viés histórico sobre o passado do cinema brasileiro.
É preciso observar de início que desde a segunda metade do século XX a histo
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riografia de forma geral passou por grandes modificações, marcadas, sobretudo, pela repercussão da Nova História. Peter Burke aponta algumas diferenças centrais entre a historiografia tradicional e a Nova História: enquanto a primeira se concentra na política, a segunda aborda um amplo espectro das atividades humanas; a tradicional pensa a história como “narrativa de acontecimentos” já a nova analisa as estruturas; a tradicional tem uma perspectiva construída a partir das elites ao passo que a nova atribui relevância à perspectiva popular; a tradicional baseia-se em documentos via de regra produzidos pelos governos enquanto a nova amplia seus tipos de fontes; a tradicional não dá conta da variedade de questionamentos que preocupam a História
Nova; a tradicional considera possível atingir a “objetividade” total enquanto a nova problematiza isto pois considera que a posição social do historiador tem influência na sua análise
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No campo europeu e norte-americano dos estudos de história do cinema foi a partir dos anos de 1980 que se passou a questionar com ênfase a história tradicio
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nal, através da produção intelectual de Robert C. Allen, Douglas Gomery, David
Bordwell, Pierre Sorlin e Michèle Lagny, entre outros. No entanto, até o presente momento, se nos afigura que os historiadores dedicados a estudar o