cid e s serrs
Vale lembrar que Jacinto fora chamado a Tormes – sua propriedade em Portugal – para reconstruir o túmulo de seus ancestrais, o que pode ser interpretado como uma religação do protagonista com suas origens, citadas no início do livro. Porém, o Jacinto que retorna é um homem muito informado e pode agora aplicar parte da grande carga teórica que adquiriu ao contexto português. É preciso primeiro livrar-se da complexidade inútil do jogo das informações e articulá-las de modo eficiente. Em resumo: agir com simplicidade. O protagonista, então, torna-se sujeito de uma ação bem direcionada, conseguindo promover muitas melhorias em Tormes, lugar atrasado e pobre.
A idéia de sabedoria encontrada nesse romance, portanto, se desvincula do que determina o gênero bucólico, em que a contemplação da natureza é a responsável pela produção do saber. O que vemos aqui é uma idéia muito mais próxima de nossa modernidade, na qual há uma ruptura entre a informação e a experiência pessoal.
CONCLUSÃO
As obras de Eça de Queirós podem ser agrupadas em três fases: a primeira, experimental, em que o autor publicou artigos irregulares em folhetins; a segunda, fortemente realista, que vai desde a publicação de O Crime do Padre Amaro, em 1875, até a de Os Maias, em 1888; e a terceira, pós-realista, na qual o autor se reconcilia com a sua Portugal. Nessa, destaca-se A Ilustre Casa de Ramires, de 1900, além de A Cidade e as Serras.
A temática tratada, campo versus cidade, vem de uma longa tradição literária e é recorrente na obra do autor. Nesse romance, ele se dedica a mostrar a futilidade reinante em Paris e a satirizar as idéias positivistas que deslumbravam a juventude intelectual da época.
A Cidade e as