Christiane f.
Christiane F.: aos 12 anos de idade, já fumava haxixe. Aos 13 anos, tomou seu primeiro "pico" de heroína. Aos 14, prostituía-se para pagar o vício. Aos 6 anos de idade, Christiane mudou-se do norte da Alemanha para Berlim, onde morava em Gropiusstadt, colosso habitacional proletário de 18,5 mil moradias no bairro de Neukölln.
Com a separação dos pais, sua segunda casa logo se tornou a Bahnhof Zoo, ou estação ferroviária do Jardim Zoológico, lugar de encontro de traficantes e adolescentes que se prostituíam para financiar o vício. Além de haxixe e LSD, a heroína era a droga do momento.
Se hoje um "pico" de heroína pode ser comprado por 10 euros no novo ponto berlinense de encontro de viciados e traficantes – a estação de metrô de Kottbusser Tor em Kreuzberg, "Kotti" para os íntimos – há 30 anos a situação era bem diferente. A mesada não bastava. Aos 14 anos, Christiane se prostituiu e também viu como seus amigos morriam um após o outro.
O livro e o filme homônimo sobre a vida da adolescente que revelou a miséria das grandes cidades alemãs ganhou o mundo e tornou-se leitura obrigatória nas escolas. No final, após tentativa de suicídio, Christiane foi enviada por sua mãe para morar com a avó numa cidadezinha perto de Hamburgo, onde se recuperou.
No entanto, o final feliz mostrado tanto no livro como no filme não durou para sempre. Ao atingir a maioridade, no início dos anos 80, Christiane mudou-se para Hamburgo, onde participou da cena punk. Juntamente com seu novo companheiro, Alexander Hacke, guitarrista da banda alemã Einstürzende Neubauten, Christiane iniciou carreira de cantora, participando também de alguns filmes como atriz. Fez turnê pelos EUA e conheceu gente famosa como Nina Hagen. Sem sucesso, ela voltou às drogas.
Com 400 mil marcos [cerca de 200 mil euros] provenientes do seu livro para reiniciar a vida, ela foi acolhida por uma família de editores suíços. No entanto, Christiane logo se cansou de ser "uma boneca para mostrar", como