China_história
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PALESTRASDESENVOLVIMENTO E GLOBALIZAÇÃO:
PERSPECTIVAS PARA AS NAÇÕES
DEPOIS DO NEOLIBERALISMO, O QUÊ?1
Dani Rodrik*
Após mais de duas décadas de aplicação de uma política econômica neoliberal no mundo em desenvolvimento, estamos em condições de formar um juízo inequívoco sobre seu histórico. O quadro não é bonito.
Consideremos o crescimento econômico, para começar. Na América Latina, apenas três países cresceram mais depressa durante os anos noventa do que no período de 1950-1980. Um deles foi a Argentina, país cujas esperanças de salvação econômica através da integração financeira na economia mundial estão agora destroçadas. O segundo foi o Uruguai, que também enfrenta graves problemas. Apenas o Chile parece ser um sucesso a longo prazo. Entre as antigas economias socialistas, a produção real ainda está abaixo dos níveis de 1990 em todos os países, com exceção de quatro. E os índices de pobreza continuam mais altos do que em 1990 até mesmo na Polônia, que é, sem sombra de dúvida, o mais bem-sucedido dentre os países do Leste Europeu. Na
África sub-saariana, os resultados continuam a ser decepcionantes e muito piores do que os obtidos antes do fim da década de 1970.
Ademais, esse histórico de crescimento tem sido acompanhado por um agravamento das desigualdades de renda e por uma profunda insegurança econômica, na maioria dos países que adotaram a agenda do
Consenso de Washington. Crises financeiras freqüentes e dolorosas devastaram o México, o Leste Asiático, o Brasil, a Rússia, a Argentina e a
Turquia. O Brasil sofre hoje as conseqüências devastadoras de mais uma reviravolta nos sentimentos do mercado – uma reviravolta para a qual é muito difícil identificar razões fundamentais sólidas.
* Universidade de Harvard.
1
Estas notas foram preparadas para apresentação no seminário do BNDES sobre os
“Novos Rumos do Desenvolvimento no Mundo”, Rio de Janeiro, 12-13 de setembro de
2002. Basearam-se em comentários feitos numa conferência