Chico e "lázaro redivivo"
CHICO E "LÁZARO REDIVIVO"
Conversávamos com Chico Xavier sobre um amigo que havia perdido uma filha num desastre automobilístico. Fomos visitá-lo, levando a solidariedade de nossa presença. O amigo, embora não revoltado, confessava-nos que estava “envergonhado” de alimentar- se, de barbear-se, talvez até de prosseguir vivendo, pensando na filha morta tão jovem... Escutando-nos, de maneira respeitosa, o Chico observou:
— Eu pensei que ele estivesse envergonhado de comer por causa dos que passam fome... Os que moram na periferia são tão nossos quanto os nossos... O espírito universal do Cristianismo nos ensina a colocar os problemas da comunidade acima dos nossos próprios problemas, mesmo em se tratando da morte de um ente querido...
Márcia, nossa companheira, que também participava do diálogo, disse ao Chico que uma sua amiga comentou que Jesus, no Novo Testamento, não nos preparara para a morte... A isso o Chico respondeu-lhe:
— A observação dela é muito inteligente. De fato, Jesus não se preocupou em preparar os homens para a morte, porque para Ele a morte não existe... Ele falava aos espíritos e não à transitoriedade da forma... Quando morreu meu irmão Raimundo, que chamávamos de Mundico, Emmanuel recomendou-me que eu abrisse o Novo Testamento ao acaso. O versículo que caísse aos meus olhos serviria para o meu conforto espiritual... Caiu no Evangelho de João, no episódio da ressurreição de Lázaro, quando Jesus, percebendo a aflição de Marta, lhe disse: — “Teu irmão há de ressuscitar”. (João, 11:24)
— Passados 13 anos, quando eu estava realizando uma viagem de trem, a serviço numa cidade próxima a Passos, Mundico me apareceu dentro do vagão... Ele havia desencarnado praticamente com os intestinos à mostra. Submetera-se a diversas cirurgias sem êxito necessário. A primeira coisa que eu quis saber é se ele tinha melhorado. Ele levantou a camisa, mostrou-me o ventre cheio de cicatrizes e me disse que, agora,