Cheque-mate
Usam-se, à boca cheia, terminologias como "cedência", "recuo", "mudança de intenções", ou, no pior dos casos, "baixar de orelhas".
Convenhamos que o principal dividendo desta conjugação de eventos nem é a Grécia, ou o que a Grécia faz, ou deixa de fazer; na verdade, o primordial facto das circunstâncias, reside na janela de oportunidade de se discutirem soluções para a economia, os caminhos a seguir, as ilações a retirar da obra feita.
Convenientemente, e num acto de beleza Dantesca, a Europa mostrou-se unânime.
Dirão os politólogos que venceu a Europa; dirão os economistas que vence a Economia. Dirão os países "grandes" que venceu a Democracia; dirão os países "pequenos" que venceu a Igualdade Política e Económica.
Dirão, até, as filosofias orientais que deve ser Karma: os gregos "lixaram" a Democracia, é o momento de a Democracia "linchar" os Gregos.
Sem tomar conotações partidárias ou posições políticas, fiquemos, somente, pela reflexão de que é grave o momento em que as forças vigentes se coadunam a uma só voz, sem que se abra o debate e se use o diálogo como via de desenvolvimento. A História tem provado, vezes sem conta, que quando assim o é, as coisas acabam por descambar. Mais tarde ou mais cedo.
Quanto a mim, direi somente que instituições como o Chapitô têm à escolha todo um novo leque de opções para leccionar matérias como o marionetismo e o ventriloquismo. Perdem os Gregos, ganha a cultura.
Nas palavras de André Freire, politólogo, "vivemos uma contra-revolução conservadora à sombra da Troika". É sempre bom aprender novas terminologias, mas no meu tempo, chamava-se brincar ao "Rei Manda".
Check mate; ou como dizem os germânicos "cheque, malta".