Cerebro
Ana Carolina Prado 31 de julho de 2012
Se você já virou algumas noites acordado, deve ter tido esta sensação: seu corpo fica mais lento, sua concentração piora, seus pensamentos ficam agitados e pouco claros. É como se, estranhamente, o cérebro privado de sono se torne mais ativo.
Segundo um estudo feito pelo neurofisiologista Marcello Massimini, da Universidade de Milão, na Itália, e publicado recentemente na revista Cerebral Cortex, isso pode ser verdade: conforme o tempo passa e você não dorme, seu cérebro vai ficando mais sensível a estímulos e num estado de alerta.
Para chegar a essa conclusão, Massimini estimulou as células cerebrais no córtex frontal de voluntários com um choque de energia elétrica dado por meio da técnica da estimulação transcraniana magnética não-invasiva. Em seguida, ele observava a reação do cérebro como um todo, comparando os resultados dos indivíduos que tinham ficado acordados por duas, oito, 12 ou 32 horas.
O experimento, segundo ele, era como cutucar um amigo nas costelas para ver quão alto ele pula. A ideia é que, se você fizer isso com alguém que está há um tempo sem dormir, ele vai saltar mais alto. E os resultados sugerem que é mais ou menos isso que acontece com o cérebro: ele fica mais “nervoso” em resposta à descarga elétrica, com picos mais fortes e imediatos da atividade.
Isso tem a ver com o fato, observado por alguns médicos e apontados por Massimini, de que epilépticos são mais propensos a ter convulsões se passarem mais tempo acordados, e, por outro lado, pacientes com depressão severa e que têm atividade cerebral mais baixa que o normal podem, às vezes, melhorar seu desempenho se ficarem sem dormir.
Mas por que isso acontece? A explicação provavelmente está relacionada ao seguinte: enquanto estamos acordados, nossos neurônios estão constantemente em forte atividade, formando novas sinapses, ou conexões, com outros neurônios. Quanto mais