cassandra e clitemnestra
Apolo, vingativo, lança sobre ela uma praga: que ninguém jamais venha a crer em suas predições. Na primeira peça da
Oresteia de Ésquilo, o
Agamêmnon
, a profetisa é trazida a
Micenas como cativa do rei dos Atridas após a Guerra de Tróia, e tem uma presença que, de início, pode parecer irrelevante para o resto da obra, mas que na verdade é multifuncional e estabelece o clímax da trama do primeiro ato (afinal, ela está lá primeiramente para anunciar a morte daquele que dá nome à peça, uma morte que desencadeia todos os acontecimentos posteriores). Além disso, mesmo só estando em cena em menos de 30 páginas antes de ser morta por Clitemnestra, esposa de
Agamêmnon , e falando pela primeira vez apenas 354 versos após sua entrada,
Cassandra é uma personagem complexa. O assassinato do rei Agamêmnon pelas mãos da própria esposa é extremamente decisivo na
Orestéia
, pois desencadeia os acontecimentos das peças seguintes na trilogia. Cassandra, por outro lado, não tem relevância na família dos Atridas e não volta a ser mencionada após o primeiro ato. Por que, então, Clitemnestra a incluiu na chacina? Ao escrever, a seu modo, estas personagens da mitologia grega, Ésquilo cria em Cassandra e Clitemnestra duas mulheres complicadas, aparentemente opostas, e, por outros motivos, parecidas, sobre as quais é possível tirar diversas conclusões. A oposição se dá