Casas escolares
3ª Edição por Maria Tereza de Queiroz Piacentini *
IMPLICAR SEM IMPLICAÇÕES
--- Gostaria de saber qual é a transitividade do verbo implicar na frase: a aceitação desta proposta não implica “na” contratação de serviços futuros. A.P., Brasília/DF
--- Gostaria que esclarecessem a seguinte dúvida: implicar é transitivo direto ou indireto? Já vi o referido verbo empregado das duas formas e não sei qual é a tecnicamente correta. Ex: 1) A contratação de funcionários qualificados implicará em gastos excessivos. OU 2) ...implicará gastos excessivos. G.C., São Paulo/SP
No sentido de “ter como consequência, resultar, acarretar, originar, pressupor, exigir, tornar necessário”, o verbo implicar é transitivo direto, devendo ser usado sem a preposição:
Maior consumo implica mais despesas.
Combater a desigualdade implica adotar medidas drásticas neste momento.
A contratação de funcionários qualificados implicará gastos excessivos.
A aceitação desta proposta não implica a contratação de serviços futuros.
Os novos estágios de modernidade na arquitetura não implicam a destruição de épocas passadas.
A utilização de energia nuclear implicaria riscos tremendos.
No entanto, por analogia com três verbos de significação semelhante mas de regência indireta, quais sejam, resultar em, redundar em, importar em, o verbo implicar passou a ser usado com a preposição “em”, sem que nosso ouvido encontrasse nisso alguma estranheza. Tanto é assim que no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, está registrado “TI: implicar em algo”, com a observação de que essa regência é um brasileirismo já consagrado e “admitido até pela gramática normativa”.
Aberta a concessão, nós brasileiros vamos aceitar como correta a regência indireta do verbo implicar nas mesmas frases:
Maior consumo implica em mais despesas.
Combater a desigualdade implica em adotar medidas drásticas neste momento.
A contratação de funcionários