Carta a d’ alambert - rosseau
Em “A Carta a D’ Alambert”, de 1758, Rousseau foi fiel ao seu primeiro discurso, e mostrou que o teatro clássico francês, de Molière a Voltaire, tinha sido o prisioneiro da concepção aristocrática de vida social e cultural. Ele não havia expurgado paixões maléficas e não tinha purificado a moral. Ao contrário, levou à ociosidade e corrupção e o povo de Genebra deveria desconfiar dele se quisesse defender sua liberdade.
Já no Prefácio à Carta, Rousseau avisava que a vida social e mundana era a fonte da maldade. Diderot considerou a carta uma deserção, uma traição na ocasião em que Rousseau devia estar defendendo a "Enciclopédia". Por essa época recrudesceram em Rousseau os males de saúde, cujo diagnóstico primeiro foi de uma pedra na bexiga, corrigido depois de incômodas sondagens da uretra, para crescimento desproporcional da próstata, e o vaticínio, feito pelo médico, de que "sofreria muito e viveria muito".
O autor defendia que o teatro pouco acrescentava na personalidade ou formação do convívio entre os seres humanos. Afinal ele é complexo e formado por sentimentos falsos, onde o espectador torna-se apenas sensível a cenas e personagens que não existem na realidade. Ele não acrescentaria bons sentimentos à essência dos homens. Rousseau não poupa duras críticas aos outros gêneros teatrais e questiona a superficialidade e a irrealidade do drama. Um indivíduo que se sensibilize com algo que seja emocionante, vivido por um personagem, ou que sinta a injustiça vivida por um deles, apenas terá o falso sentimento de que se indignou contra algo errado, mas no fundo, apenas terá se inundado de sentimentos falsos e deixado de viver a vida real.
Rousseau argumenta que a restauração das artes e ciências não contribuíram para a purificação do gênero humano mas para sua corrupção. Ao ser a obra publicada, a censura cortou vários trechos do original: muitas passagens contra a tirania dos reis e a hipocrisia do clero foram eliminadas. O