Carta ao Freud - Existem novos caminhos na Psicanálise?Construções Pessoais de uma Analista em Formação
Patricia J. Cohn**
Prezado Senhor Freud
Estou lhe escrevendo esta carta para que eu mesma possa refletir um de seus
artigos, no qual o senhor tem repensado esta técnica psicanalítica. Este artigo foi
pronunciado no 5º Congresso Internacional em setembro de 1918, passaram-se 90 anos
desde então, algumas coisas mudaram, outras seguem como no seu tempo. O senhor
estava vivendo um final de primeira guerra mundial, onde os povos brigavam por seus
territórios e conquistas sociais. Hoje vivemos uma guerra individual, há busca por
conquistas, mas conquistas particulares e individualistas, diria até, um momento
narcisista e egocêntrico. Neste artigo sobre as “Linhas de Progresso na Terapia
Psicanalítica” o senhor discute as imperfeições de um método que tinha alguns anos de
vida, dizia que precisamos estar sempre repensando e aprendendo sobre este, revendo
posições. Sabemos também que a premissa básica é chegar ao inconsciente, até hoje tem
gente que pensa que inconsciente não existe, mas percebo que é ainda uma forma de
resistir a ele.
O senhor reflete com muita propriedade neste artigo sobre a palavra Análise.
Porque Análise? Analisar seria uma referência a dividir, separar e com isto estudar cada
parte, ainda faz uma comparação com a química onde cada processo necessita ser
estudado isoladamente porque unido deforma o todo. A complexidade psíquica tem
relação com isto, perfeita analogia, penso eu, porque está ligado a algumas motivações
*Trabalho apresentado no 1º ano do curso de formação Psicanalítica do CEP de PA
** Membro provisória do CEP de PA
instintuais que provocam sintomas, mas que se vistas no conjunto nos confundem e ao
serem isoladas possibilitam estudarmos e nos apropriarmos delas, deixando de
permanecer na ignorância e colaborando para chegarmos à