Carnaval de Maragojipe
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia classificou o carnaval do município de Maragogipe como patrimônio imaterial da Bahia depois de uma série de pesquisas e estudos feitos sobre a tradicional festa desde 2007. O carnaval está inserido no livro de registros 3, que abrange as manifestações.
O carnaval de Maragogipe tem inspiração nas festas similares que ocorriam na Europa no século XIX, onde há uma forte predominância de fantasias de figuras folclóricas, como os antigos carnavais que hoje só acontecem em salões privados. Chegando em território maragogipano, a festa recebeu fortes influências das culturas africana e indígena, retrato do caldeirão cultural que é a cidade de Maragogipe.
Nascido da irreverência e da criatividade de seu povo, o Carnaval de Maragogipe cresceu e se fortaleceu com o passar dos tempos, transformando-se numa das manifestações culturais mais originais e encantadoras do Brasil. Caretas e grupos fantasias dançam ao som das bandas e fanfarras que alegram as ruas da cidade com as tradicionais marchinhas dos antigos carnavais.
No carnaval de Maragojipe, podem ser observados aspectos que remontam a Roma Antiga, quando em homenagem a Baco, homens, mulheres e crianças saíam às ruas com seus rostos mascarados, corpos pintados, para espantar os demônios da má colheita, como descreve Jacques Surrão no texto abaixo:
A Cidade em festa.
Evohé! Evohé! Evohé! 12
Eis patrícios, que estamos em plenos festejos bacchanaes no ardor immenso do vinho, da loucura e da pandega!
Fuja de noss’alma a seriedade, venha-nos a folia, saíamos desta insipidez, desta lethargia profunda, em que vivemos submersos os nossos corações por só pensar na horrível quebradeira e saboreando o doce vinho, gritemos no auge do puro enthusiasmo
– Evohé! Viva o Momo! Viva o Carnaval!
E Viva a Baccho!
É o delírio do vinho e da loucura!
Uns mascarados jocosos, lá vêm engraçados, acompanhados d’uma meninada doida,