Carla Jansen
A dor é um fenómeno perceptivo complexo, subjectivo e multidimensional, e nesta perspectiva a Direcção Geral de Saúde (DGS) elaborou o Plano Nacional de Luta Contra a
Dor, que considera a dor como quinto sinal vital, sendo avaliada através de escalas de dor, de modo a torná-la objectiva.1
A avaliação da dor é uma actividade que faz parte das competências dos profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) por ser indispensável à excelência dos cuidados de saúde.
Contudo, ainda existe alguma resistência por parte de alguns profissionais (enfermeiros, médicos) a esta mudança. A dor é um desafio quer para o doente, quer para os profissionais de saúde, principalmente quando se trata de dor crónica. Melzack (1987) refere que a dor é um desafio para o doente, uma vez que se deve encontrar meios médicos, científicos e financeiros para controlar ou prevenir, da melhor forma possível a sua dor. É também um desafio para os profissionais na medida em que tentam compreender não apenas os mecanismos biológicos, mas que a dor está integrada num trajecto ascendente e descendente e engloba a espinal medula, o sistema límbico e o córtex cerebral que interage activamente com o estado bio psicológico de cada pessoa surgindo dificuldades no seu tratamento. 2
Avaliar a dor é um termo abrangente que implica descobrir a natureza e o significado da experiência dolorosa (estímulos que a provocam, factores agravantes e de alívio, efeitos da dor na vida diária, respostas à dor, factores psicológicos, sociais e espirituais, padrões de coping, tipos de dor, duração, localização, intensidade e outros); ou seja engloba um conjunto de informações que identificam a história da dor.3 Cada indivíduo tem modalidades
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específicas de lidar com a dor, que pode ir da capacidade de a conter mentalmente, de a elaborar, à necessidade de a expulsar, de a negar, de a desprezar. A atitude face à dor, os comportamentos de resposta variam consoante a sua condição social, a sua cultura, os