CARBONARI Educa o em DH
4 - Sujeito de direitos humanos: questões abertas e em construção
Paulo César Carbonari
Sujeito de direitos humanos é uma questão aberta e que pode ser abordada com diversos olhares. Este ensaio se concentra na perspectiva ético-filosófica, auxiliada por complementações de outros saberes. Faz a apresentação de temas com os quais nossa militância em direitos humanos se depara cotidianamente e que nossa reflexão filosófica procura sistematizar.
O itinerário parte da apresentação de traços da problemática da crise do sujeito; segue com a construção de certa noção de sujeito de direitos e; conclui indicando as conseqüências dos dois primeiros momentos para a educação em direitos humanos. Espera-se indicar questões fundamentais, sem a pretensão de serem únicas. Por isso, o texto não se encerra em si mesmo, abre-se ao debate como construção.
Problemática: a crise do sujeito
A noção de sujeito construída sobre a base da idéia de indivíduo, herança da modernidade, está em crise. A crise não significa que sujeito é um tema que deixou de ter sentido ou que está interditado. A crise é produtiva, pois aponta para a possibilidade de superação de abstrações contidas nesta noção e aponta para a possibilidade de construção de uma nova subjetividade. Compreender a crise do sujeito à luz dos direitos humanos é o intento deste ensaio que procura circunscrever esta problemática que se apresenta como perplexidade,1 como geradora de reflexão, transitiva. A indicação da problemática será dividida em dois momentos: no primeiro,
1 Perplexidade é, como nos informa a semântica, aquele estado no qual está-se atônito, espantado, confuso, irresoluto. A etimologia mostra que o radical da palavra está no verbo latino plicare, que significa dobrar, tendo como prefixo per, através de. Com estes auxílios, podemos dizer que a perplexidade é o estado à espreita de explicação, de resolução. É aberto ao posicionamento tanto intelectual