Capoeira
Reginaldo Prandi
Com Mãe Menininha do Gantois, Salvador, 1975
46 Caderno
de
Leituras
Quem lê Jorge Amado encontra em muitos de seus livros referências ao can domblé, religião afro-brasileira dos orixás, deuses de origem africana. O candomblé se formou no Brasil no século xix e esteve até os anos 1960, mais ou menos, restrito à Bahia, especialmente a Salvador e cidades do Recôncavo Baiano. Depois disso, foi se tornando mais conhecido e se espalhou por todo o país. Hoje está presente também em outros países, como Argentina, Uruguai, Portugal, Itália.
Mais que uma religião, o candomblé tem sido uma fonte importante na formação da cultura brasileira, e muitos de seus elementos estão presentes na literatura, no cinema, no teatro e na televisão, na música popular brasileira, nos enredos de escolas de samba, na culinária e mesmo em padrões estéticos e hábitos e valores que, dos terreiros, extravasaram para a cultura não religiosa.
Jorge Amado contribuiu decisivamente com seus romances para a divulgação do candomblé. Ao lado dele
Terreiro de candomblé. Terreiro é o se destacaram especialmente o fotógrafo e etnógrafo nome que se dá ao templo de candomblé
Pierre Fatumbi Verger, o sociólogo Roger Bastide e o e de outras religiões afro-brasileiras. artista plástico Carybé, três estrangeiros comprometiNos primeiros tempos, os rituais eram dos com a cultura e a sociedade brasileiras. A familiaricelebrados no quintal de alguma edificação urbana ou numa roça afastada, dade dos quatro com a religião dos orixás foi de grande isto é, no terreiro, ao ar livre. Depois, valia na construção de suas inspiradas obras literárias, passou-se a construir um barracão artísticas e científicas e lhes rendeu reconhecimento coberto de sapê onde se realizavam as por parte do candomblé, que retribuiu com cargos danças sagradas, cômodos para abrigar honoríficos e dignidades que os terreiros costumam os altares dos