Capitalismo
Ao fazer um filme que é uma prova de fogo, que pode mudar sua vida, Moore alfineta os dois maiores partidos políticos por vender as milhares de pessoas devastadas pela perda de suas casas e empregos para os interesses dos gordos gatos capitalistas. Moore escavou uma sujeira impressionante, histórias contadas na cara dos confiscados e despejados, nos cupons de alimentação recebidos por pilotos famintos, e na coragem dos operários demitidos que se recusam a ficar quietos. Porém muito mais que um grito de desprezo, o filme de Moore oferece a possibilidade de esperança. Capitalismo: Uma História de Amor é o mais americano dos filmes, desde o cinema populista de Frank Capra. Um filme que consegue capitalizar sarcasticamente, e até brilhantemente, a revolta populista que está varrendo a Nação.
Michael Moore é um sujeito admirável. Não tem medo de colocar a cara para bater e de denunciar as mazelas que assolam seu país, virando alvo do ódio de fundamentalistas da extrema direita estadunidense e de seus capachos mundo afora.
Seu novo documentário, “Capitalismo: Uma História de Amor”, é uma porrada em quem ainda defende esse sistema econômico injusto e desumano que tem levado a humanidade cada vez mais perto do abismo. Sempre de maneira bem humorada, Moore mostra como o capitalismo criou uma bolha de ilusão nos Estados Unidos a partir do fim da II Guerra Mundial, gerando uma classe média próspera e feliz sobre os escombros de outras grandes potências como Japão, Alemanha e Inglaterra cujo parque industrial encontrava-se totalmente destruído. E foi exatamente esse modelo de “capitalismo dos sonhos” que os EUA exportaram durante décadas para o resto do mundo como se fosse o ideal de sociedade passível de ser atingida por todos.
Mas o que o bom senso já dizia ser mentira, a história confirmou. A nova crise do sistema, iniciada pelo estouro da bolha imobiliária nos EUA que gerou a quebra de vários bancos e financiadoras,