Capitalismo, Sociedade do Consumo e Lixo
Nas últimas décadas houve um aumento significativo do consumo em todo mundo, provocado pelo crescimento populacional e, principalmente, pela acumulação de capital das empresas que puderam se expandir e oferecer os mais variados produtos, conjuntamente com os anúncios publicitários que propõe o consumo a todo o momento. Chamamos de consumo o ato da sociedade de adquirir aquilo que é necessário a sua subsistência e também aquilo que não é indispensável, ao ato do consumo de produtos supérfluos, denominamos consumismo.
2. Consumo e Lixo
Vivemos numa sociedade infantilizada, encantada com sua capacidade de desejar e satisfazer seus desejos imediatamente, ou seja, uma sociedade que, impulsionada pelo crédito, não precisa esperar, que renova incessantemente seus desejos. Não é sem sentido que reificamos a figura dos catadores no mundo atual, são eles que retiram de nossa frente a montanha dos nossos desejos de ontem para possibilitar novas demandas, mais atualizadas e, sempre, urgentes. A expansão do crédito é, para usar a metáfora de Zigmunt Bauman, a expansão do lixo e, com ele, o problema do descarte. Se acumulamos alguma coisa na sociedade de hiperconsumo, como a nossa, é o lixo, o descarte diário. Não suportaríamos conviver com esses resíduos de nosso consumo. É preciso organizar a coleta, a remoção e a invisibilidade desse ônus.
A sociedade de consumo é uma sociedade obcecada pelo prazer, pelo aqui e agora. Não se percebe, com esse entorpecimento, que acabamos por tornar rarefeita toda uma série de valores e vínculos sociais. Assim, acabamos por descartar, obsequiosamente, os próprios valores e vínculos sociais. Viver com valores é assumir algumas posturas duráveis, o suficiente, que seja, para dar sentido à vida social. Ora, na sociedade do consumo, do imediato e do hedonismo, pouca coisa sobrevive à urgência do tempo, à aceleração devastadora dos processos sociais. O trabalho, que outrora era para a vida toda, hoje é uma conquista