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Capítulo 3 METAMORFOSES DO ESPAÇO HABITADO Espaço habitado e ecúmeno são sinônimos. Essas expressões fazem parte da linguagem da geografia e das outras disciplinas que estudam o território, mas já invadiram o vocabulário do homem comum. Em nossos dias, como já dizia, há anos, o grande geógrafo francês Maximilien Sorre, "o fato capital é a ubiqüidade do homem", capaz de habitar e explorar os mais recônditos lugares do Planeta. Poder-seá, sem dúvida, lembrar as viagens interplanetárias e o passeio do homem sobre a Lua, como conquistas recentes do gênio da espécie. Mas a Terra segue sendo a morada do Homem. A questão do espaço habitado pode ser abordada segundo um ponto de vista biológico, pelo reconhecimento da adaptabilidade do homem, como indivíduo, às mais diversas altitudes e latitudes, aos climas mais diversos, às condições naturais mais extremas. Uma outra abordagem é a que vê o ser humano não mais como indivíduo isolado, mas como um ser social por excelência. Podemos assim acompanhar a maneira como a raça humana se expande e se distribui, acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente (mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitativa e quantitativa do espaço habitado.
1. A expansão da população mundial
A população mundial levou alguns milênios antes de encontrar, nestes dois últimos séculos, um processo de crescimento sustentado. Antes, a curva da população total, como a dos diversos continentes, regiões ou países, oscilava consideravelmente e sobretudo ao sabor de fatores naturais. Quando foi possível trasladar e adaptar espécies vegetais e animais de um lugar a outro, os riscos de fome resultantes de safras desastrosas diminuíram. Quando os progressos da navegação permitiram que os navios fossem maiores e mais velozes, tornou-se possível transportar de um continente a outro grandes quantidades de