Caminhos de Sérgio Buarque de Holanda
Morando em São Paulo, onde nasceu, e depois no Rio, a partir de 1921, Buarque de Holanda teve contato com intelectuais que integravam o movimento modernista. Este concebia a modernização do Brasil não como um processo de ruptura com a tradição brasileira, mas como um processo de atualização desta, para que convergisse com a cultura europeia, modelo de civilização a ser seguido.
Em 1924, Oswald de Andrade publicou o Manifesto Pau-Brasil, de inspiração surrealista, abalando a concepção modernista. Segundo esse autor, a incorporação dos elementos da cultura europeia pela tradição brasileira implicaria a subversão daquela. O modelo europeu de civilização, portanto, seria transformado, tornando questionável o seu valor. Com isso, não só se afirmava a autenticidade do processo civilizatório, como se sugeria uma alternativa brasileira de civilização.
A partir de 1924, portanto, embora sem que se rompesse, o movimento modernista passou a apresentar duas tendências. Buarque de Holanda as explicitou em 1926, no artigo O lado oposto e outros lados.
(1) Designou de construtivistas os que defendiam que o papel do modernismo era a atualização da tradição em relação à cultura, como Mário de Andrade.
(2) Adotou a segunda, representada por Oswald de Andrade, defendendo que o Brasil desse vazão à sua espontaneidade, alcançando seu próprio e peculiar modelo de civilização.
Em 1927, refugiado no Espírito Santo, em razão da controvérsia que levantara com o artigo de 1926, publicou o artigo Notas do Espírito Santo. Nele prosseguiu sua análise sobre a divisão modernista, antevendo uma síntese de resultado imprevisível entre a herança europeia e a tradição brasileira.
A modernização brasileira foi também o tema de Raízes do Brasil, de 1936. Buarque de Holanda realizou uma interpretação histórica do país, partindo da herança ibérica para definir a cordialidade como a marca da cultura brasileira.