burqa
Pesquisei e descobri que a Tunísia é considerada um dos países muçulmanos mais "ocidentalizados" em relação a sua cultura. Eu não precisaria usar nenhum véu no calor de 40°C, e apenas uma parte pequena da população feminina de fato usava niqabs ou burqas. Fiquei mais tranquila.
Chegando lá, o calor era extremo. Os tais 40 graus referiam-se à sombra. E eu me peguei num incômodo enorme em relação às jovens mulheres que conheci. Todas elas, embora não usassem nem mesmo hijabs (o véu que cobre apenas o cabelo; veja ao lado), vestiam saias longas, com calças compridas por baixo, sapatos fechados com meia e blusas de mangas compridas. Meu espírito feminista não se conformava. Como era possível alguém sentir-se mais confortável daquela forma, naquele clima, do que como eu estava, de short, camiseta e chinelos? Desconfiei que aquelas jovens que eu conhecia eram obrigadas ou pressionadas a usar as tais roupas por alguém ou alguma instituição. Perguntei. Não. Elas podiam escolher se usavam aquelas roupas ou roupas "ocidentais", mais abertas. Tampouco eram ortodoxas, "radicais". Nada disso. Enfim, num momento mais discreto, perguntei a uma delas se ela não sentia calor, se não preferia usar roupas mais frescas. O diálogo que se seguiu foi um dos maiores aprendizados da minha vida.
"Sim, tenho calor. Roupas frescas poderiam até ser uma boa", disse ela. E perguntou se eu me depilava. Respondi que sim, que é esse o