BRAZ, Marcelo; NETTO, José Paulo. Economia Política: Uma Introdução Crítica. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011. CAPÍTULO 7 – AS CRISES E AS CONTRADIÇÕES DO CAPITALISMO.
CAPÍTULO 7 – AS CRISES E AS CONTRADIÇÕES DO CAPITALISMO
7.1. As crises capitalistas e o ciclo econômico
As crises são inevitáveis sob o capitalismo, mas é possível e viável uma organização da economia estruturalmente diferente da organização capitalista, capaz de suprimir as causas da crise.
É evidente que podem ocorrer crises econômicas em sociedades onde não é dominante o MPC. Em sociedades pré-capitalistas, registraram-se perturbações na produção que acarretaram empobrecimento e miséria. A características das crises pré-capitalistas reside no fato de elas resultarem da destruição dos produtores diretos ou dos meios de produção, ocasionada por desastres naturais (por exemplo, epidemias como a peste negra-dizimando os produtores) ou por catástrofes sociais (por exemplo, guerras destruindo os meios de produção e forças produtivas). Tais crises indicam uma insuficiência na produção de valores de uso e, por isso, podem ser designadas como crises de subprodução de valores de uso.
As crises próprias do MPC são inteiramente diferentes. Se, na crise pré-capitalista, é a diminuição da força de trabalho que ocasiona a redução da produção, na crise capitalista é a redução da produção que ocasiona a diminuição da força de trabalho utilizada (o desemprego). A crise capitalista aparece, inversamente à crise pré-capitalista, como uma superprodução de valores de uso, ou seja, não há insuficiência na produção de bens, nem carência de valores de uso, o que ocorre é que os valores de uso não encontram consumidores que possam pagar o seu valor de troca o que leva os capitalistas a restringirem a produção ao limite, pois a oferta torna-se maior que a procura.
O capitalista investe dinheiro para produzir mercadorias com o objetivo de obter mais dinheiro do que investiu. A crise é a interrupção desse movimento: a mercadoria produzida não se converte em mais