biologoia
Numa gélida tarde de Maio, esgueirei-me por uma fenda no gelo e deixei-me cair no oceano Árctico.
Os meus dentes cravaram-se no regulador, e esforcei-me para combater as náuseas.
A dada altura ergui os olhos de novo na direção do gelo, e algo estava errado.
O gelo apresentava manchas verdes e castanhas.
De repente percebi, aquilo não era gelo, era uma nuvem maciça de anfípodes, minúsculos crustáceos parecidos com camarões, que ingeriam o fictoplâncton, que cresce na parte inferior do gelo na Primavera.
Os meus olhos observaram os alicerces do ecossistema, a combinação do gelo e formas de vida da qual dependem os grandes animais.
Quando comecei a trabalhar, o gelo marinho, parecia invulnerável: mesmo nos meses mais quentes, subsistia em grande quantidade.
O gelo não é apenas uma paisagem. Faz parte de todas as criaturas que habitam esta imensidão.
Afecto nos ecossistemas
Ao longo do ano, sobretudo na Primavera, os ursos polares vagueiam e caçam sobre o gelo.
As focas descansam e dão á luz sobre o gelo.
Baleias-francas-boreais chegam aqui para se alimentarem.
Sem Gelo o Árctico é inimaginável.
Gelo na Actualidade
Os pólos estão a derreter.
No estreito de Lancaster, um dos mais produtivos habitats marinhos do mundo, abre-se a possibilidade de assistirmos a um novo capitulo da história.
Á medida que o gelo derrete, poderá registar-se um aumento significativo no transporte marítimo de mercadorias.
Os cargeiros e navios-tanque poderão ter acesso a uma região onde antes raramente navegaram.
Alguns cientistas acreditam que o Árctico ficará desprovido de gelo estival, condenando espécies como o urso polar que poderá entrar em extinção em menos de um século.
Um Ártico sem gelo seria como um jardim sem Terra.