Biologia
Unidade III
REPENSANDO O CURRÍCULO
Após a discussão que fizemos acerca das orientações nacionais que orientam e regulamentam o currículo escolar, podemos pensar: qual o sentido de um currículo nacional?
Tentando buscar algumas respostas, apoiaremo‑nos em Michael Apple (2002), que nos traz algumas indicações importantes. Segundo esse autor, o currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, pelo contrário, é sempre parte de uma seleção de alguém, da visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. Por isso, “é produto das tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo” (APPLE, p. 59).
Assim, se retomarmos algumas questões que levantamos na Unidade 1, como: o que se ensina na escola? Por que se ensina isso e não aquilo? Quem define o que será ensinado? Todas as escolas ensinam a mesma coisa? Temos condições agora, apoiados em Apple (2002), de compreender que o que conta como conhecimento, as formas como deve ser organizado, enfim, tudo isso, está ligado a uma política do conhecimento oficial, ou seja:
Uma política que exprime o conflito em torno daquilo que alguns veem simplesmente como descrições neutras do mundo e outros, como concepções de elite que privilegiam determinados grupos e marginalizam outros (APPLE,
2002, p. 60).
A proposta de haver diretrizes e orientações curriculares em nível nacional é, segundo Apple (2002), indispensável para elevar o nível e fazer com que as escolas sejam responsabilizadas pelo sucesso ou fracasso de seus alunos. No entanto, o autor adverte que é preciso ter atenção aos interesses que podem estar embasando esses documentos. Uma análise crítica, tendo em vista sempre que o currículo não é neutro, é fundamental para que não sejamos reprodutores dos interesses particulares de um grupo da sociedade. Nós, como profissionais da educação, precisamos atender todos os grupos, principalmente aqueles que são excluídos