Bib71 1

10510 palavras 43 páginas
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Patrice Schuch

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O título deste texto é inspirado no artigo escrito por Lila Abu-Lughod, publicado no Journal of Middle East Women’s Studies, em 2010, chamado: “The active social life of
‘Muslim women’s rights’”: a plea for ethnography, not polemic, with cases from Egypt and Palestine”. Nesse texto, Abu-Lughod argumenta em favor de um deslocamento do debate – muito polêmico e, segundo ela, pouco produtivo – sobre a existência ou não de direitos das mulheres muçulmanas para a premissa de que esta questão tem hoje uma vida social ativa, que deve ser estudada etnograficamente. Nessa etnografia, importam interrogações como: quais tipos de debates e de instituições os “direitos das mulheres muçulmanas” partilham? Como eles são mediados? Que tipo de trabalho essa noção e as práticas organizadas nesses termos fazem em vários lugares, para diversos tipos de mulheres? Abu-Lughod opta por estudar alguns desses espaços – ONGs de mulheres palestinas e egípcias e comunidades rurais onde mulheres e crianças vivem sua vida na interseção com instituições locais e mídias nacionais – mostrando o quanto a questão sobre
“os direitos das mulheres muçulmanas” está diferencialmente colocada nesses múltiplos âmbitos, o que requer atenção para suas mediações e transformações.
Acredito que a análise sugerida por Abu-Lughod possa ser interessante para o debate da relação entre Ética e Antropologia. Isso

BIB, São Paulo, nº 71, 1º semestre de 2011, pp. 5-24.

porque a discussão sobre Ética, tal como o domínio dos Direitos Humanos, preza-se muito facilmente para uma espécie de normatização empobrecedora que reduz a dimensão ética e os âmbitos diferenciados de prática antropológica ao caráter de domínios ontológicos e estáticos. Sabemos que o ideário ético, enquanto uma condição de possibilidade para o trabalho antropológico, sempre esteve no horizonte epistemológico disciplinar da Antropologia; no entanto, a própria diversificação das

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