Beowulf, o livro perdido
Poema heróico anglo-saxão, que quase foi destruído em um incêndio, retrata como era a vida do povo nórdico da época e mostra de onde vinha a coragem dos guerreiros no campo de batalha
A chamada Era Viking, marcada pela expansão dos povos nórdicos pelo mar, sobretudo para as Ilhas Britânicas, começou no século VIII, quando navegadores escandinavos passaram a sair de suas terras com mais freqüência para buscar tesouros, riquezas e praticar pilhagens. Porém, a coragem e a inspiração desses bravos conquistadores são mais antigas e sua origem pode remontar aos tempos antes na própria Escandinávia. O poema heróico anglo-saxão Beowulf, provavelmente compilado por volta do ano 1.000, mas composto nos séculos anteriores, é uma boa referência para entender o povo da região na Idade Média. Embora tenha sido escrito com uma conotação cristã - nota-se isso pelas referências ao deus do cristianismo na obra - é possível identificar no texto as motivações heróicas de seus personagens, típicas dos guerreiros da época que entravam em guerra em busca de aventuras e glória.
O poema, que quase foi destruído em um incêndio, é considerado o primeiro texto da literatura anglo-saxã, ainda escrito no chamado Old English (o inglês arcaico). Desde sua descoberta, o livro tem inspirado pesquisadores de literatura inglesa de diversas partes do mundo. Um dos mais notórios estudiosos de Beowulf, que popularizou a obra no século passado, foi John Ronald Reuel Tolkien, autor da trilogia O Senhor dos Anéis, O Hobbit, Silmarillion e outros. Neste mês, a história do guerreiro nórdico chegará aos cinemas em uma versão do diretor Robert Zemeckis. Trata-se de uma animação feita por computador produzida pela Paramount Pictures.
Embora Beowulf seja um texto literário, nem tudo no poema é fruto da criatividade do autor - ainda desconhecido. Boa parte da obra realmente retrata com precisão o comportamento e o pensamento dos escandinavos da Idade Média pré-cristã e pré-viking.