BDA Dois mil e quatorze
Análise da obra
Entre os meses de janeiro e abril de 1857, um escritor cearense de apenas 28 anos prendeu a atenção dos leitores da época ao contar, nas páginas do jornal Diário do Rio de Janeiro, a história de amor protagonizada pelo índio Peri. Chamava-se José de Alencar e iria se tornar o maior ficcionista romântico nacional. Sua formação e imaginação fértil, somadas às freqüentes leituras de folhetins – histórias narradas em capítulos, publicados diariamente em jornal –, ajudaram-no a compor seu estilo literário.
1. A realidade brasileira
A miscigenação do índio com o branco é o centro da história de
O Guarani, obra que fala do amor de Peri e Ceci, moça branca, filha de um nobre. A obra, representante da corrente indianista, procura valorizar o índio, contrapondo-se aos heróis dos romances estrangeiros. José de Alencar foi um inovador da linguagem literária e um dos responsáveis pelo abrasileiramento da Literatura. Seu desejo era criar uma literatura que mostrasse a realidade brasileira. Para isso, valeu-se de um gênero literário que ainda engatinhava no Brasil: o romance. Com ele, o autor encontrou a melhor forma de idolatrar o índio e as belezes de sua terra. Em O Guarani, Alencar mesclou o tratamento do índio com o exotismo da Idade Média – idealizada pelo escritor inglês Walter Scott – e com as aventuras dos heróis do romacista francês Alexandre Dumas, dois de seus autores prediletos. Com isso, atingiu um público muito maior do que os autores que o precederam na apresentação da figura do índio como símbolo da pureza nacional. Basílio da Gama e mesmo Gonçalves Dias, por exemplo, jamais foram tão populares quanto José de Alencar.
1a. Os folhetins
Os brasileiros que acompanhavam a distância as aventuras de um Ivanhoé ou de um D'Artagnan – transportando-se, em espírito, para os campos da Inglaterra medieval ou para a Paris do rei Luís XIII – descobriram a história daquele que poderia ser considerado o