bacharel
3.
O CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA
Vinte anos separam os concílios de Éfeso e Calcedônia. Tempo em que se precisou a linguagem e o significado das afirmações da união das duas naturezas em Cristo, fazendo com que ambos os concílios tenham entre si uma íntima e profunda ligação, que desde a antiguidade foram sempre alvo de suma veneração tanto no Oriente, que os recorda na própria liturgia, como no
Ocidente, segundo o testemunho de São Gregório Magno, que os exalta e os coloca no mesmo plano que os de Nicéia e Constantinopla, celebrados no século anterior: “Neles como em pedra quadrangular se assenta o edifício da fé, e quem não se radicar na sua solidez, seja qual for a vida e feitos que tiver,
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poderá talvez apresentar a firmeza da pedra, mas estará fora do edifício”102.
Ao lançarmos luz sobre o grande concílio de Calcedônia descobriremos dois pontos principais que faremos ressaltar quanto possível: o primado do romano pontífice, que brilhou manifestadamente na agitada controvérsia cristológica, e o grandíssimo alcance da definição dogmática de Calcedônia.
Entretanto, para proceder com ordem tomemos do princípio a exposição que se segue neste capítulo. Dado o apaziguamento a que chegavam as questões religiosas no Oriente, e sobretudo tendo presente o antagonismo das duas rivais,
Antioquia
e
Alexandria,
nas
questões
cristológicas,
necessariamente teria que ser produzido em Alexandria uma reação em favor do monofisismo como réplica ao nestorianismo patrocinado em Antioquia.
Como conseqüência do concílio de Éfeso de 431 e da Fórmula de União de 433, Antioquia sofreu um golpe muito forte. De modo que Alexandria pensava triunfar suas idéias. Ao ser proclamada em Éfeso a união das duas naturezas na única pessoa de Cristo, os alexandrinos pensaram ter sido consagrada a tendência de sua escola, mesmo que Cirilo, seu maior expoente, tenha eliminado algumas expressões que