Bacharel

Proposições (pp. 7 – 10) segundo capítulo.
SANT´ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Ática, 1998.
A paródia é um efeito de linguagem que vem se tornando cada vez mais presente nas obras contemporâneas.
Entre paródia e modernidade, há uma consonância. Desde a segunda metade do séc. 19, e especialmente com os movimentos de Vanguarda (Futurismo, Dadaísmo), tem-se observado que a paródia é um efeito sintomático de algo que ocorre com a arte de nosso tempo: a freqüência com que aparecem textos parodísticos testemunha que a arte contemporânea se compraz num exercício de linguagem onde a linguagem se dobra sobre si mesma num jogo de espelhos.
Ela existia na Grécia, Roma e na Idade Média.
A literatura tornou-se mais literária principalmente quando algumas formas de comunicação começaram a concorrer com ela. O jornalismo, de alguma maneira, substituiu a literatura convencional – não a substituiu exatamente – mas provocou um deslocamento. Entre jornalismo e literatura ocorreu a mesma coisa que Walter Benjamin havia assinalado entre a pintura e a fotografia: o uso e o avanço da fotografia tornaram a pintura um setor mais livre para avanços formais. A pintura deixou de ser “fotográfica” e chegou rapidamente ao Abstracionismo.
A linguagem literária muitas vezes acabou por alargar seu espaço internamente, numa alquimia de materiais estilísticos e formais que tornam o texto literário um código que só os iniciados podem decodificar. Dentro dessa especialização, surge a paródia como efeito metalingüístico (a linguagem que fala de outra linguagem), é possível distinguir não apenas uma paródia de textos alheios (intertextualidade) como uma paródia dos próprios textos (intratextualidade).
Mikhail Bakthin, formalista russo, passou a ser referência obrigatória nos estudos sobre paródia. Preocupado em caracterizar os efeitos cômicos de diversas obras literárias, ele acabou extrapolando e, em vez de se limitar apenas ao estudo da paródia, acabou dando