Autobiografia

Nasci muito pobre, numa família de quatro irmãos, eu sou a mais velha e sempre carreguei nos ombros essa responsabilidade, como minha mãe fazia questão de lembrar sempre que eu tentava ser uma criança comum, ela dizia: Você é a mais velha, precisa cuidar de seus irmãos. A nossa família era como a grande maioria da população brasileira, pobre, sem moradia e sem futuro. Minha mãe era analfabeta e o meu pai havia cursado até a 4ª série do ensino fundamental, não lhe restando desta forma muitas oportunidades de trabalho. Passei a minha infância mudando de casa e de cidade feito ciganos, pois meu pai havia conseguido um emprego de motorista numa empreiteira e sempre que ela mudava de lugar para fazer alguma obra, tínhamos que ir junto, e assim passamos nossa infância mudando de cidade em cidade e vivendo de favor nas casas de parentes e conhecidos. Em relação aos estudos, minha mãe sempre preocupada com o nosso aprendizado matriculava todos em escolas públicas, e frisava sempre que apesar dela não saber ler e escrever não queria filhos ignorantes como ela fora criada. Sendo assim, com muitas dificuldades e tropeços cursei o ensino fundamental me empenhando ao máximo para ter boas notas na escola, pois acreditava que só através da educação conseguiria mudar o futuro incerto que a vida nos reserva. Para ajudar minha mãe comecei a trabalhar com doze anos, trabalhava um turno como auxiliar de sala em uma escola particular, e no turno oposto cursava o ensino fundamental. Quando cheguei no ensino médio optei por um curso noturno de contabilidade, pois necessitava continuar trabalhando para ajudar minha a criar meus irmãos. O sonho de fazer outro curso ficou no fundo do meu coração, pois a barriga era mais urgente e não dava tréguas, quem já foi pobre sabe que a fome é uma inimiga ingrata, nunca fica satisfeita, sempre quer mais, e nós tínhamos muito medo de passar fome. E assim, continuei trabalhando como professora e sonhando com um curso que me fizesse acreditar que os