Atualidades
Passo nas ruas usando um grande automóvel cheio de tecnologia, olho a minha volta, e é tudo o que eu vejo. Nada passa de uma grande competição pra ver quem tem mais dinheiro que o outro. Ouço sussurros aqui e acolá, apenas críticas mal formadas de gente que não sabe nada.
Sempre fui um ser quieto, observador, por isso fico tão triste e decepcionado ao ver que o mundo chegou aqui. Afinal existe uma pergunta que não para de martelar em minha cabeça, qual o sentido disso tudo? Pra que uma casa magnífica? Um carro de 950 mil cruzeiros? Alias, reais… Enfim, pra quê? Se tudo que levaremos é nosso caráter.
Cansei de ser observador. Só me leva a uma tristeza sem fim, a verdade machuca e faz a gente querer não acreditar. Eu sinto falta, do barulho das patas do cavalo sobre o chão de pedra, do orvalho da manhã, e tanta gente simples e acolhedora. E de todos aqueles costumes, da união, respeito e cuidado.
Só pra matar a saudade, saí da mesmice de São Paulo, onde moro com minha filha. Fui ver minha cidade natal com minha filha e com meu neto. Chegando lá vi algumas coisas que antes eram tão belas e vivas, e hoje em dia são abandonadas, os bosques, as casas, restaurantes e tudo isso substituídos por prédios enormes. E as árvores, os rios que não estavam mais lá, e tantas e tantas coisas tão diferentes e tão superficiais, tão robotizadas. E me decepcionei mais uma vez. Nostalgia. E me veio uma enorme vontade de chorar…
Queria poder voltar no tempo, isso já está claro. Eu queria entender em que lugar viemos parar. Se antes parecíamos tão mais evoluídos. Talvez a sabedoria deixe as pessoas burras. Burras em geral, não só nas matérias escolares.
Voltamos pra São Paulo e a sensação foi de perda. Mais uma vez gostaria de não saber do que sei sobre minha cidade agora. Agradeci por não ter que me torturar pra achar as poucas coisas