ATPS
Inês Soares de Albergaria
EB 2,3 Francisco Arruda, Lisboa
João Pedro da Ponte
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Resumo: Em Portugal, como noutros países, os programas escolares recomendam a integração da calculadora no ensino da Matemática. A investigação tem apontado diversas vantagens deste instrumento para a aprendizagem matemática dos alunos. No entanto, muitos professores continuam a temer os efeitos do uso da calculadora no desenvolvimento da capacidade de cálculo escrito dos alunos. Assim, torna-se relevante conhecer as estratégias de cálculo que os alunos utilizam na presença da calculadora e identificar eventuais dificuldades. Este estudo foi conduzido com três alunos do 6.º ano de escolaridade, com desempenho académico regular e equivalente de uma escola de Lisboa, mas com diferentes hábitos de uso da calculadora. Foi-lhes proposto um conjunto de tarefas para resolver, incentivando-os a recorrerem a estratégias pessoais usando o método de cálculo que entendessem. As tarefas propostas incluem situações problemáticas em contextos da vida real, bem como questões puramente matemáticas. Os alunos foram incentivados a exprimir oralmente os seus raciocínios, de forma a perceber-se as suas estratégias de cálculo. Foi feito um registo áudio destas entrevistas, posteriormente transcritas. A análise dos dados revelou as estratégias dominantes de resolução dos problemas para cada aluno bem como vários aspectos do seu sentido do número. Verificou-se que os alunos que privilegiaram o uso da calculadora na resolução das tarefas revelaram um sentido crítico apurado em relação aos resultados obtidos, operações utilizadas e adequação ao contexto, ao contrário do aluno que usou sobretudo os algoritmos de papel e lápis.
Introdução
Todos os dias somos confrontados com um enorme volume de informação numérica nas mais variadas representações – diagramas, gráficos, tabelas com números inteiros, numerais