O posicionamento e a atuação da psicologia durante a ditadura militar A Psicologia no Brasil foi regulamentada no ano de 1962, pouco antes do golpe militar, em um período no qual as Forças Armadas se articulavam para promover o tão fatídico e inesquecível golpe. A psicologia emergiu associada às classes burguesas da sociedade brasileira que buscava contribuir com estudos sobre as intervenções de caráter higienista, moralizante e normatizante focadas principalmente na população pobre. Com o golpe militar “a nova profissão não buscava apenas legitimidade social, mas mostrar para as classes dominantes atuantes no Brasil que a psicologia não era uma ameaça à ordem social“. (LACERDA JR, 2013, p. 220). Na psicologia aquele foi um período caracterizado também pelo destaque de teorias individualistas que contribuíram para tendências culturais da hegemonia burguesa e criavam uma psicologia privada, individual e elitista. O golpe militar de 64 definiria novas formas de desenvolvimento econômico, em que haveria uma valorização tanto de profissões de níveis superiores quanto de profissionais liberais. Exatamente a via que a classe média pretendia para ascender socialmente: profissionalizar-se via curso superior e tornar-se um profissional liberal devido a valorização do setor privado. Aquele foi um período, conforme Gonçalves (2010), em que os campos de trabalho nas áreas sociais estavam reduzidos e o desenvolvimento de políticas sociais apresentava um caráter assistencialista e tecnocrático, de forma que era considerada desnecessária a atuação de profissionais na área. A maior parte da Psicologia, a partir da regulamentação da profissão fica orientada para o trabalho clínico, no modelo do consultório particular e uma parcela menor estará nas empresas ou nas escolas, mas, nesses casos, durante bom tempo seguindo a tradição de prática anterior que já nos referimos: a prática da psicometria (...) ou de alguma forma de descrição e classificação que pudesse contribuir para a