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HEGEL E DE MARX
Giovanni Semeraro*
RESUMO
A influência da filosofia de G. W. F. Hegel foi muito marcante na estruturação do pensamento de K. Marx. Embora tenha posto em evidência aspectos questionáveis de seu mestre de juventude, Marx assimila substancialmente a “filosofia da história” e a concepção “dialética” de
Hegel. Poucos, no entanto, sabem que o maior filósofo “idealista” chegou a inspirar também os elementos fundamentais do trabalho no idealizador do “materialismo histórico”. Nas páginas desse texto, enquanto se evidenciam os diferentes pontos de vista desses dois grandes pensadores, se destaca particularmente a revolucionária concepção de trabalho e de homem que emana dos seus escritos, apontando com isso horizontes que podem dar respostas à crise que assola profundamente o mundo atual.
Palavras-chave: Trabalho. Filosofia. Hegel. Marx.
1. O trabalho como “obra ética de um povo”
Em contraste com o ideal da vida ativa do “animal político” e da ação nobre que caracterizava os cidadãos da polis na antiga Grécia,
H. Arendt traça um retrato essencial da “sociedade do trabalho” e da massificação disseminada pela modernidade que cria o homo faber e o
“animal social”:
A repentina e espetacular afirmação do trabalho, desde a mais baixa e desprezada posição ao nível supremo e à mais apreciada entre as atividades humanas, começou quando Locke descobriu que o trabalho é a fonte de toda propriedade. Continuou quando Adam Smith afirmou que o trabalho era a fonte de toda riqueza e encontrou sua culminância no ‘sistema do trabalho’ de Marx, onde o trabalho tornou-se a fonte de toda produtividade e a expressão da verdadeira humanidade do homem (ARENDT, 1995, p. 113).
Estranhamente, nesse retrato e também ao longo do livro, não se menciona Hegel que, contrariamente ao lugar comum que o representa como um autor ocupado apenas com ideias abstratas, dedica surpreendentes