Atemporal
Muitas vezes fico pensando no quanto nos cobramos, em nosso dia-a-dia, por atitudes que julgamos ser as melhores.
Há cobrança para se estudar, criar, ser o melhor naquilo que se propõe fazer, não errar, não acertar, não tentar ser perfeito, porque a perfeição é algo, para nós, inatingível.
Cobramos felicidade, sonhos, e pior! Levamos essas cobranças, na maioria das vezes, para as pessoas que mais amamos, as que se encontram mais próximas.
Aconselhamos, ao invés de apoiar, orientamos, ao invés de incentivar. Cada ser humano possui seu tempo e não é justo que o façamos se sentir culpado, obstruindo seu próprio caminhar, acordando para suas próprias experiências.
Seria bem mais fácil abrirmos o coração...
Chegamos a nos impor, como se fôssemos os melhores, com atitudes arbitrárias, injustas e cruéis, as mesmas que exigimos, sem tréguas, de nós mesmos.
Não é à toa que, na maioria das vezes, nos sentimos sós e um 'nada' nos atinge, sem sabermos de que lugar vem este não-sentimento estranho.
Para mim, se afiguram, esses momentos, como atemporais, nos quais saímos do nosso compasso, esquecemos nossas réguas, deixando nosso esquadro no estojo.
É uma espécie de letargia, em que todo nosso ser se rebela e grita por liberdade !
Liberdade de cobranças, buscas sem sentido, exigências descabidas.
Acabamos, assim, nos esquecendo que momentos nada mais são que tênues fagulhas, passam...
Não há fórmulas perfeitas, nem decisões inadiáveis. Precisamos, com urgência, lembrar de que temos um tempo, o qual deve ser respeitado.
Não devemos caminhar na contramão de nós mesmos.
Às vezes, é bom relaxar, sorrir, amar, não sentir culpas, respirar profundamente, percebendo o ar entrando em nosso corpo, nos proporcionando uma sensação de bem-estar, leveza e paz.
Precisamos parar, assistir a um filme, jogar damas, rolar na areia, andar descalços, olhar para o alto e ver que o céu continua azul e que a noite não chega com pressa e, sim, na