As principais características das cidades política, comercial / mercantil e industrial, na Teoria de Henri Lefebvre
• Política: Inicialmente, no Ocidente, a primeira cidade surgida refere-se à cidade política (a polis) da antiguidade clássica (Grécia). Esta cidade é o centro do poder dos homens livres e tem sua centralidade na Agora. Na cidade política, a divisão social do trabalho já é clara porque se, de um lado, havia sacerdotes, príncipes, chefes militares e escribas, de outro, havia artesãos, camponeses e escravos. Essa cidade é também divisão espacial do trabalho - praças, monumentos, palácios determinando-se sobre um vasto território agrícola.
• Comercial: O que provocou a superação dessa cidade por outra? O comércio. Durante séculos esta atividade foi mal vista e relegada aos “forasteiros” que, na cidade, faziam uso de espaços heterotópicos – locais apartados e isolados do centro. Léfèbvre, numa bela passagem, assinala que “a troca e o comércio, indispensáveis à sobrevivência como à vida, suscitam a riqueza, o movimento. A cidade política resiste com toda a sua força, com toda a sua coesão” (2004, p. 22). Trava-se uma luta de classes, cujos desdobramentos a historiografia ocidental revelou claramente – os comerciantestornaram-se classe hegemônica2. Desde então, a praça (como expressão da centralidade) é a do mercado séculos XVI-XVII.
A cidade comercial, sim esta nova realidade implantada por sobre o que restou da cidade política, intensifica a troca. Circuitos comerciais entre cidades são estabelecidos porque a riqueza, aos poucos, vai deixando de ser só imobiliária (terras) para ser também mobiliária (dinheiro). Nesse ritmo as estradas e rotas marítimas se consolidam. O comércio conduz ao acúmulo de dinheiro e, nesse processo crescente, são criados também os primeiros bancos. Só que a cidade comercial ainda é uma obra no sentido mesmo de uma obra de arte. Por quê? Como? Sendo um objeto