As Brigadas Muralistas e seu papel na via chilena ao socialismo
Renan da Cruz Padilha Soares
RESUMO: Este presente trabalho tem como foco as pinturas feitas pelos militantes de esquerda durante o governo de Allende, no Chile, de 1970 a 1973. Pretendemos analisar as semelhanças e diferenças da esquerda do período expostas nos murais e a importância das brigadas para o processo histórico vivido. Utilizaremos como fontes, imagens dos murais pintados pelos brigadistas, retiradas da internet e utilizando como método de análise a leitura isotópica, aplicada para imagens. No período em questão assistimos a uma profunda radicalização do processo político, que opuseram distintos interesses de classe e projetos de sociedade. No campo cultural, as Brigadas Muralistas desempenharam importante papel durante o período. Como eram hegemonizadas por organizações de esquerda, expunham em suas gravuras as diferentes concepções e conceitos a respeito da luta por uma sociedade socialista, evidenciando assim as diferenças e semelhanças existentes no interior do bloco de esquerda.
Introdução
A Unidad Popular, frente de partidos de esquerda que lançou a candidatura do Salvador Allende à presidência da República no Chile em 1969, chega ao poder já enfrentando sua primeira crise. Allende fora eleito como menos de cinquenta por cento dos votos válidos, necessitando assim a ratificação do congresso.
Já nesse momento evidenciam as principais forças que estariam disputando os projetos de sociedade no Chile. De um lado havia a Unidad Popular (UP) e outros partidos de esquerda que não faziam parte dessa frente, do outro a direita que tinha no Partido Nacional (PN) seu principal nome, e no centro a Democracia Cristiniana, (DC) que buscava se apresentar como uma terceira via entre o marxismo e o conservadorismo.
Como Allende apresentava um projeto claramente socialista, as classes dominantes organizadas reagiram e tentaram impedir sua posse. Para isso, porém, era preciso atrair a DC,