Artigo_ Maquiavel os governantes e a crise

Maquiavel, os governantes e a crise

O célebre diplomata Nicolau Maquiavel dispensa apresentações detalhadas, principalmente no meio político. “O Príncipe”, obra que o tornou conhecido mundialmente, suscita diversas interpretações ao longo dos cinco séculos em que foi escrita nos arredores de Florença, região italiana da Toscana.

O contexto histórico em que Maquiavel escrevia era de grande instabilidade política. O exercício do poder e sua manutenção já não dependiam apenas da hereditariedade e dos laços de sangue. Por isso, o cientista político constrói um tratado sobre a conduta do príncipe, abordando as práticas de como conquistar e manter o poder, apesar de tais condutas não corresponderem precisamente às ideias do autor.

Mesmo após todo esse tempo, suas colocações são tão atuais que mais parecem um lançamento recente e um manual da verdade. Nesse livro, que deveria ser, obrigatoriamente, de cabeceira para todo político, percebemos uma pegada de contemporaneidade, identificando alguma semelhança com os comportamentos de líderes da atualidade.

Voltando ao “O Príncipe”, Maquiavel escreveu: "Da tísica dizem os médicos que, a princípio, é fácil de curar e difícil de conhecer, mas com o correr dos tempos, se não foi reconhecida e medicada, torna-se fácil de conhecer e difícil de curar”.

Assim deve proceder o governante. Conhecendo a real situação e atento aos problemas da máquina pública, poderá agir preventivamente com prudência, atuando com perspicácia para antecipar e controlar a “doença”, antes que o mal fuja ao seu controle.

Em nossa realidade, a cada dia aumentam os conflitos de ordens social, moral, econômica e política. São manifestações de trabalhadores descontentes e desempregados; financiamentos com pagamentos em atraso; sistema de saúde falido; a disparada do dólar; os escândalos sucessivos de corrupção; a economia combalida; inflação em alta; e a queda vertiginosa da popularidade do governo Dilma, entre outros graves problemas. Tudo isso nos