Artigo de Opinião
No meu ponto de vista, as pessoas no geral sofrem desnecessariamente por não encontrar nunca a "pessoa ideal". Obviamente, porque a pessoa ideal não existe - existem apenas pessoas reais. A "pessoa ideal" nada mais é, que um espelho de projeções do eu, ou ainda melhor, eu mesmo, num outro. Minhas expectativas, meus desejos, minhas necessidades sanadas, depositadas como responsabilidade de um objeto externo - que representa que existem bloqueios no meu mundo interno, para realizar as mesmas funções. Parece complicado de entender, ou pura baboseira filosófico-psicanalítica, mas não é. Se eu procuro alguém de determinada situação financeira, não é tão importante saber "por que" eu me interesso pela situação financeira da pessoa, mas sim, saber o que do meu mundo interno me impossibilita o relacionamento com alguém que não está nessa condição. Pode ser que eu aos 40, 50 anos, esteja sentindo necessidade de me relacionar com pessoas mais jovens, para alimentar a fantasia narcísica de que continuo perfeito, "em forma"; ou ainda para aliviar a angústia da perda da sedução; ou ainda para colecionar troféus etc. São apenas exemplos simples, de relações muito complexas, e cada caso é um caso. Perceber que procuramos coisas que faltam em nós, nos outros, é o primeiro passo para aprender que o outro não tem o dever de suprir nossas expectativas, assim como nós não temos o dever de suprir as expectativas da outra pessoa. Nós procuramos nós mesmos, e a capacidade de reparar nossos defeitos e limitações, no mundo externo, e isso nos deixa tão esvaziados de tentar nos achar fora, que a frustração de a alma gêmea nunca ter aparecido, se torna quase que o grande conflito humano: o "amor não correspondido". E as pessoas sofrem vazias, e como sofrem! Mas criticar as pessoas que dizem "eu só namoro homens que são românticos, e abrem a porta do carro pra mim", não resolve à grande conflitiva: então, o que é necessário para não idealizar o outro? Não é