Arteloucura

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Toda a loucura é arte? Análise crítica de um eufemismo romântico

Achilles Delari Junior

TODA A LOUCURA É ARTE?* análise crítica de um eufemismo romântico
Achilles Delari Junior**
1 Um ponto de divergência***

2 Do pleonasmo à metonímia

Partirei aqui de um emblemático enunciado de Gregório
Penso que quando o autor diz “pleonasmo”, para dar a
Baremblitt em seu texto “Patologia. Arte. Terapia. Cura” ver que “toda loucura já é arte”, pode também emergir,
(2006), como fragmento representativo de outras quesao invés (ou além) disso, uma “metonímia” da parte pelo tões às quais ele não se refere, mas que emergem da sua todo. Ou seja, nem tudo na loucura é só arte, algo dela o leitura como relevantes para o debate atual em psicolopode ser, mas este algo passa a representá-la no seu gia e saúde mental. Trata-se particularmente de uma conjunto: “toda loucura já é arte” pode soar como “louafirmação nuclear sua de que o trabalho com as artes cura é arte”, “tudo na loucura é arte”, “arte é o todo da junto a pessoas sob o signo da “loucura” pode ser consiloucura”. De modo que, supondo que fosse a arte algo derado um pleonasmo, visto que a loucura como tal já intrinsecamente “benéfico” às pessoas que a produzem operaria seus processos semióe fruem, tudo de “maléfico” ticos do mesmo modo que a que na loucura porventura
“A arte não é um compleprodução artística, sob o parapudesse haver seria digma talvez da linguagem oníextrínseco à sua própria mento da vida, mas o resulrica. É o que se sintetiza no definição – a loucura seria tado daquilo que excede a vienunciado: “Tal vez por eso haapenas mais um bem blar acerca de, y practicar Arte cultural entre outros e não da no ser humano” terapia sea, al mismo tiempo, também um processo que una estrategia respetable y un causa sofrimento e decrésL. S. Vigotski (2003, p. 233) pleonasmo. El Arte es cura, si cimo de qualidade de vida por cura se entiende la restauracomo outros males dos quais
ción

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