Aristóteles
A Política em Aristóteles:
Educação para a virtude e contemplação
Autor: Sávio Laet de Barros Campos.
Bacharel-Licenciado e Pós-Graduado em
Filosofia Pela Universidade Federal de Mato
Grosso.
1. Introdução
Este ensaio versa sobre as relações entre virtude, educação e contemplação em
Aristóteles, a partir da sua obra: Política. Não se trata de um comentário literal, nem espera resolver todas as aporias que ela suscita. Não tem tampouco a pretensão de exaurir toda riqueza dos temas que ela contempla.
O nosso objeto de estudo é bem mais modesto, e está circunscrito nos temas arrolados acima, se bem que possua um eixo comum, que é a nossa tese de fundo, a saber, a vida na pólis não é um acidente, isto é, os homens não vivem em sociedade por uma convenção artificial. Ao contrário, o homem é um animal sociável por natureza. Outrossim, defendemos que, conquanto distintos, os domínios da família e das vilas e a tangência do Estado não se opõem por uma oposição excludente; ao contrário, pensamos que a vida da família e a da vila se destinam, por natureza, à perfeição do Estado, à vida na pólis, que é a comunidade perfeita.
Destarte, na nossa concepção, o Estado é o todo do qual o indivíduo, a família e a vila são as partes. E como o todo precede as partes que, sem ele, não existem, assim o indivíduo, a família e a vila – segundo cremos – não subsistiriam sem o Estado, que é autárquico.
Agora bem, a função precípua do Estado, a nosso modo de ver, é formar cidadãos virtuosos. Ademais, na nossa perspectiva, é pela educação que ele forma estes cidadãos. Ora, embora esta educação privilegie, num primeiro momento, o corpo e os instintos, os impulsos e apetites, em seguida ela passa a eleger a alma racional, fazendo com que ela desenvolva não só as virtudes éticas como as virtudes dianoéticas, máxime a contemplação, cujo ápice encontra-se na visão das coisas excelsas e divinas.
Ora, de acordo com a nossa concepção, parece ser nesta