Quarenta metros separam o gramado da arquibancada de um dos mais conhecidos estádios do Brasil. O Olímpico, casa do Grêmio, no entanto, já tem seus dias contados. A diretoria gremista anunciou a construção de uma arena, que terá essa distância reduzida a apenas dez metros. O fato é que a maioria dos estádios brasileiros possui uma distância considerável entre gramado e torcida, diferentemente da maioria dos estádios europeus. A explicação mais óbvia possível, e também a mais plausível, é de que essa “zona de escape” sirva como segurança. Há dez anos, era corriqueiro que a cada partida de futebol ocorresse pelo menos uma invasão no gramado. Agora, não me lembro nos últimos anos de cena parecida em alguma partida da Série A. A última cena lastimável desse tipo é a que ocorreu em 2009 quando o Coritiba foi rebaixado. A torcida do Coxa invadiu o gramado após o fim do jogo que decretou o descenso, causou tumulto e bateu nos policiais que estavam no gramado. Seria muito fácil justificar essa diferença de separação nos estádios brasileiros e europeus ao utilizar o argumento do senso comum. Não causaria nenhum estranhamento em boa parte da população se eu dissesse que tal diferença se dá um por um nível de educação maior, já que na Europa todos são cultos e bem-educados e seguem as boas maneiras. Mas não: a questão é mais funda do que se imagina. Primeiro: alguns estádios do Brasil tem a área dos torcedores longe porque também possuem uma zona para a prática de atletismo. Um exemplo muito claro disso é o Engenhão. É verdade, no entanto, que a maioria de fato possui uma área que serve só para a proteção do campo. Agora, basta refletir porque essa proteção é necessária. Pode-se dizer que o futebol está “no sangue” de quase todos os brasileiros e que isso é um hábito cultural, da mesma forma que é da cultura do ingleses tomarem chá entre às cinco da tarde. O povo brasileiro é, em geral, mais passional quando o assunto é futebol, já que esse esporte tem grande