Análise não-estruturada
Pedro Lincoln C. L. de Mattos**
S U M Á R I O : 1. Introdução; 2. Qual o exato escopo deste ensaio metodológico?; 3. O que tem acontecido à análise de conteúdo? Um “diálogo” com Bardin; 4. “Um divisor de águas” ao analisar entrevistas; 5. A entrevista como conversação e sua análise; 6. Sugestões para a análise de entrevistas; 7. Conclusões. S U M M A R Y : 1. Introduction; 2. What is the precise scope of this metholological essay? 3.What is going on with content analysis? A ‘dialog’ with Bardin; 4. A ‘divider’: analyzing interviews; 5. The interview as a conversation and its analysis; 6. Suggestions for interview analysis; 7. Conclusions. P A L A V R A S - C H A V E : análise de entrevistas; entrevistas não-estruturadas; análise pragmática da conversação; metodologia de pesquisa. K E Y W O R D S : analysis of interviews; open interviews; pragmatic analysis of conversation; methodology of research. A entrevista não-estruturada — aquela em que é deixado ao entrevistado decidir-se pela forma de construir a resposta — tem sido cada vez mais utilizada na pesquisa de administração. Rompendo com a concepção tradicional da linguagem (que encerraria “conteúdos”), a proposta deste artigo é a de que a análise de entrevistas muito ganharia com uma aproximação à análise pragmática da linguagem, e a razão principal a favor disso é a de que a entrevista não-estruturada ou semi-estruturada realmente é uma forma especial de conversação. O problema específico em
*Artigo recebido em mar. e aceito em ago. 2005. ** Professor titular do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE. PhD em governo pela London School of Economics (Inglaterra), mestre em administração pela Ebape/FGV, licenciado em filosofia pela UCP e bacharel em administração pela UFPE. Endereço: Av. Bernardo Vieira de Melo, 1264, ap. 1802 — Piedade — CEP 54400-000, Jaboatão dos Guararapes,