Análise do poema "As Mãos" de Manuel Alegre
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
Estrutura interna
O assunto deste poema é o poder das nossas mãos, o poder que possuímos nas nossas mãos e que muitas vezes nem nos damos conta disso. Pois com as mãos tudo se faz e se desfaz. As mãos têm um valor expressivo, pois podem ser consideradas um símbolo de ação/atividade e sobretudo de poder, neste caso concreto.
Na 1ª estrofe o poeta refere exatamente o tema deste poema o poder que temos em nossas mãos. Poder esse que pode ser para fazer o Bem ou o Mal (guerra vs. paz; faz vs. desfaz);
Na 2ª estrofe é afirmado pelo poeta que as mãos são detentoras de tal força que podem mesmo trabalhar o mar e a terra (“com as mãos e rasga o mar e se lavra”), também têm a arte de construir/produzir algo saboroso, misto de alimento e de prazer (“fruto”), assim como de comunicar (“palavra”).
Na 3ª estrofe, mais uma vez é dado grande poder às mãos, o de transformar e sobretudo a esperança na luta pela liberdade (“verdes harpas”).
Na 4ª estrofe, o poeta remete-nos para dar valor ao poder das nossas mãos e à responsabilidade em saber usá-lo, responsabilidade essa que é de cada um, e é deveras grande, pois as mãos são o verdadeiro caminho para a liberdade (“nas tuas mãos começa a liberdade.”
Recursos estilísticos
Antítese: “se faz, se desfaz, a paz, a guerra” – o poder das mãos é realçado, tanto para o bem como para o mal;
Comparação: “E