Análise do disco Caetano Veloso 1969
Nota: recomenda-se ler o texto ouvindo o disco, disponível em streaming no seguinte site: http://grooveshark.com/#!/album/Caetano+Veloso+White+Album+1969/8350356
Caetano Veloso, 1969: O Colorido Álbum Branco
Nossa análise diz respeito ao quarto disco gravado por Caetano. Disco esse gravado de maneira totalmente inversa à maneira usual de gravar discos. Antes disso, é necessário fazer uma pequena contextualização histórica. Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos durante a ditadura, confinados durante dois meses em quartéis militares do Rio de Janeiro. Depois disso, passaram mais cinco meses de ostracismo forçado, em regime de prisão domiciliar, na cidade de Salvador. Durante esse tempo em que não podiam sair da cidade (e tinham a obrigação de se apresentar diariamente na Polícia Federal), Caetano e Gil estavam proibidos de dar entrevistas, fazer shows ou se apresentar no rádio e na televisão. André Midani e Manoel Barenbein, presidente e produtor da Philips, concluíram que o único jeito de ajudar os compositores seria produzindo novos discos. Estavam indo para Salvador, então: Barenbein, Rogério Duprat e os técnicos de som, levando dois gravadores de dois canais, microfones e o resto dos aparelhos necessários para as gravações. A Polícia Federal só permitiu a gravação do disco depois de analisarem as letras e fazer o produtor garantir que não haveria apresentações públicas. Quando chegou no Estúdio J.S., onde seriam feitas as gravações, Barenbein ficou nervosíssimo, pois reparou que os instrumentos disponíveis eram muito precários. Ele já estava pensando em adiar as gravações, quando Duprat surge com uma ideia maluca: gravar o disco de maneira inversa à maneira comum. Na feitura de um disco, geralmente grava-se primeiro os instrumentos, para só depois acrescentar a voz. Duprat perguntou se Caetano e Gil conseguiriam gravar vozes apenas com o auxílio de um violão e um metrônomo. Após a resposta