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O Manuel nasceu com a missão de apoiar um workshop de roteiro online, que eu e o Newton organizamos, em parceria com a O2 - a produtora de Cidade dos Homens e Cidade de Deus -, que tinha como proposta de exercício de criação a redação de um episódio para a série de Acerola e Laranjinha. Depois do workshop, o que era algo como um apostila de apoio virou livro. O Manuel caiu na vida.Alguns manuais de roteiro, como os criados por Syd Field e Doc Comparato, tornaram-se referência no assunto. Quais as diferenças do "Manuel" para outros manuais ou guias de roteiro?
O Manuel é um perguntador, mais do que um conselheiro. Cada capítulo organiza um conjunto de perguntas que dizem respeito a um nível de estruturação do roteiro (o argumento mais geral, a escaleta, a composição das cenas, etc.). Perguntas se aplicam ou não. Não acreditamos em regras de dramaturgia. Cada narrativa tem suas regras. Por isso buscamos trabalhar com um espectro bem amplo de filmes comentados: as regras de O Eclipse, de Antonioni, não são as mesmas de Cidade de Deus, e um bom roteirista deve ser flexível para entender diferentes universos ficcionais e criar o seu. O Manuel puxa conversa, estimula que o roteirista faça seu próprio diálogo auto-crítico.A criação de um roteiro para TV e cinema tornou-se um grande negócio, com regras e fórmulas pré-estabelecidas. Até o filme Adaptação, de Spike Jonze, brincou com esse filão. Como você vê a proliferação de cursos e palestras sobre o tema?
Quando este interesse estimula a reflexão, a auto-consciência narrativa e a exploração comparativa dos projetos de cada autor com referências diversas, o cinema e a cultura em geral só têm a ganhar. Se, entretanto, o caráter destes workshops é, como você sugere, o de "regras e fórmulas