Antítese, Paradoxo, Oxímoro
“Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer”.
(Camões)
Nestes versos, percebe-se que o poeta constrói o sentido do Amor-idéia, amor universal, filosofando a respeito do amor, não falando de seus sentimentos pessoais. Para isso, ele se apropria de elementos que, apesar de se excluírem mutuamente, se fundem num mesmo referente, constituindo afirmações aparentemente sem lógica.
Esse mesmo efeito de contradição acontece neste trecho de Carlos Drummond de Andrade:
“Eu fujo ou não sei não, mas é tão duro este infinito espaço ultra fechado”.
Observe que a afirmação sublinhada contraria o consenso, englobando simultaneamente duas ideias opostas. A esse tipo de figura de expressão chamamos paradoxo ou oximoro.
O oximoro ou paradoxo é um tipo de antítese que se manifesta de uma maneira mais radical. Apesar de serem parecidas, elas se diferenciam por que no paradoxo duas ideias opostas se excluem mutuamente num mesmo referente, criando um efeito de contradição:
“A explosiva descoberta
Ainda me atordoa.
Estou cego e vejo.
Arranco os olhos e vejo”.
(Carlos Drummond de Andrade)
“Menino do rio, calor que provoca arrepio”.
(Caetano Veloso)
Na antítese, no entanto, o sentido é construído a partir do confronto entre ideias opostas:
“Queria um apoio, um horizonte limitado, não o mar sem fim”. (Autran Machado)
Em síntese, oximoro ou paradoxo é a figura de linguagem que consiste em empregar palavras que, mesmo opostas quanto ao sentido se fundem num mesmo enunciado.
A canção “Sítio do Pica-pau amarelo”, de Gilberto Gil, também é famosa pelas características paradoxais que apresenta, em proporções admiravelmente inovadoras. Nela, a marmelada é feita de banana, a bananada de goiaba, entre outras.
“Marmelada de banana
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do